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“Apresentaram-nos. Disse-lhe que era professor na Universidade dos Andes em Bogotá. Esclareci que era colombiano.
“Perguntou de um modo pensativo:
“– O que é ser colombiano?
“– Não sei – respondi-lhe. – É um acto de fé.
“– Como ser norueguesa – admitiu.
Nada mais recordo do que se disse nessa noite.”1
    
     Podemos reconhecer-nos na conversa suspensa e surreal imaginada por Borges. Ser colombiano ou norueguês (como o é Ulrica neste conto), mas também ser italiano ou português, alemão ou francês, chinês ou japonês, é, antes de mais, um acto de fé – uma convicção enraizada, um aspecto da consciência de si próprio que cada um possui e acha que é impossível negar. Como qualquer acto de fé, corresponde a uma razão profunda e a uma realidade remota. Apoia-se sobre uma fundamentação obscura, que não sabemos por completo decifrar.
     Há sempre, no nosso sentimento de pertença a uma certa realidade e na imagem que construímos de nós mesmos e que restituímos ao que está à nossa volta, um lado imediato e evidente, desde os traços somáticos que nos são congénitos, até à fisionomia que o tempo nos imprimiu no rosto; desde o modo como nos movemos e nos orientamos, até à língua que falamos; desde o modo de ver e de pensar, até à relação que estabelecemos com as imagens dos objectos e das paisagens que fazem parte do nosso mundo. Somos, pelo menos parcialmente, aquilo que estamos convencidos ser, e aquilo que estamos convencidos ser condiciona e deforma o que somos. Contudo, quanto mais evidentes parecem ser certos traços, mais essa evidência é inquinada pela dúvida de serem mesmo esses, e não outros, os elementos de base da identidade. E mais ainda a incerteza é acompanhada por uma sensação de inquietude e de mal-estar.
     Tudo isto porque, hoje, não nos é permitido ser nem inocentes, nem ignaros. Não nos é permitido olhar para as pertenças e para as fés à margem do que elas historicamente geraram, e portanto à margem de um quadro de conflitos e vexames, oposições e perseguições, até às tragédias do século passado. Assim sendo, não podemos senão proteger-nos de qualquer tipo de afirmação demasiado carregada de sentido identitário e de vontade reivindicativa, e não só porque nela lemos a raiz de dramas do passado e do presente, mas também porque sabemos como a afirmação identitária facilmente desemboca na caricatura e na farsa. Outra coisa não é, a caricatura, do que a enfatização e a exasperação de certos traços individuais, até ao ridículo e à paródia. Entre o excesso do sentimento de si e a caricatura, a fronteira é tão delicada que facilmente pode ser atravessada. Eis uma questão que toca de perto os arquitectos.
     Contudo, deve haver um núcleo da experiência em que a identidade permanece possível e se pode manifestar, sem ser ofensiva para os outros. Hannah Arendt via-o, em primeiro lugar, na língua. Em seu entender, “existe uma diferença irredutível entre a língua materna e uma outra língua [...] e no entanto não alternativas à língua materna. Poderá até ser esquecida, sem dúvida, [...] Mas... a criatividade linguística é amputada quando se perde a própria língua”2. A língua é um elemento decisivo do nosso estar no mundo, do modo como o entendemos, o reelaboramos – do nosso torná-lo mundo para nós. E é a base do nosso imaginar e do nosso imaginarmo-nos. Arendt considerava-a como fundamento a partir do qual é possível elaborar uma visão de si e dos outros e construir um pensamento autónomo.
     De uma ideia algo semelhante (e do modo como a enuncia Fernando Pessoa), parte também Alexandre Alves Costa, propondo um seu alargamento. “Parafraseando Fernando Pessoa que disse, a minha pátria é a minha língua, eu penso que poderemos com propriedade dizer que a nossa pátria também é a nossa arquitectura.”3 Mas em que medida é que a identidade pessoal e colectiva está ligada às terras e às paisagens onde crescemos, e em que sentido? Em que medida está ligada às coisas que nos circundam e que, para nós, se tornaram familiares? Em que medida é que essas coisas se tornaram parte de uma memória profunda e interiorizada? Em que medida contribuem para construir aquela cidadela mental e aquele imaginário que formam a personalidade, e dos quais nos alimentamos continuamente? Há uma paisagem exterior que nos envolve e condiciona, e uma paisagem interior que lhe corresponde. Mas também a paisagem exterior pode ser vista como uma projecção, uma construção coral que foi sendo lentamente constituída por sobreposições e figuras.
     Desse ambíguo filamento fala de novo Borges, com uma outra imagem, que é diversa, a de um homem que decide ser pintor, num gesto de orgulho e vontade de domínio. “Um homem propõe-se a tarefa de desenhar o mundo. Ao longo dos anos povoa um espaço com imagens de província, de reinos, de montanhas, de baías, de naves, de ilhas, de peixes, de quartos, de instrumentos, de astros, de cavalos e de pessoas. Pouco antes de morrer descobre que esse paciente labirinto de linhas traça a imagem do seu rosto.”4 Pode significar coisas diversas, o apólogo de Borges. Pode significar que imaginamos, pintamos e escrevemos a partir da realidade exterior, a qual só existe, porém, no modo como nos apercebemos dela e a reelaboramos, levando-a a existir para nós. Pode querer dizer que é de nós próprios que partimos e que é a nós próprios que regressamos, é essa a nossa força e a nossa condenação. Que as coisas de que nos rodeamos ou que, com o nosso trabalho, plasmamos e fabricamos, são sinais de identidade. Que nelas nos espelhamos. Que qualquer espelho deforma quanto nele se reflecte, alterando-o.
     Há pelo menos alguns aspectos convincentes, o paralelismo entre língua e arquitectura (incluo a paisagem na arquitectura, forçando deliberadamente a nota). Ambas são formações a longo prazo. Ambas são construções colectivas. Ambas pressupõem uma memória a longo prazo (em virtude da qual conhecemos, desde a infância, o significado das palavras e as estruturas da língua, mas também dos territórios, dos lugares, dos edifícios) e uma memória a curto prazo (em virtude da qual recordamos e sintetizamos o que fomos ouvindo e o que fomos vendo e percorrendo). Mas a língua, no acto de a falarmos, baseia--se no carácter fortemente imediato do seu uso e no domínio pessoal. Garante capacidades de comunicação e possibilidades de expressão, na medida em que cada um está em condições de falar e o costuma fazer à sua maneira e de acordo com a sua própria criatividade. Diferentemente, não é qualquer pessoa que faz arquitectura, a não ser de um modo menor, que consiste em organizar o seu espaço pessoal de incidência imediata e a própria habitação, em escolher objectos e arrumar coisas, enfim, em construir um raio directo de intimidade. O âmbito da intervenção arquitectónica praticável, no plano individual ou do pequeno grupo, consiste, na maior parte das vezes, em adaptar as arquitecturas que se encontram a exigências e visões próprias. Mas construir, no verdadeiro sentido, arquitecturas, edifícios e cidades, é obra que excede a órbita da pessoa singular, pois ela é, pela sua própria natureza, colectiva. Enquanto tal, não se pode apoiar em culturas e procedimentos institucionalizados, nem, inevitavelmente, em culturas de carácter técnico que não pertencem ao domínio comum.
     Mas há dois aspectos que somos levados a discutir. O primeiro, é o de saber em que medida aquelas culturas e aqueles procedimentos se foram construindo historicamente, na sua relação com realidades nacionais, e se isso se passou e como se passou em Portugal. O segundo, é o de saber em que medida essa referência às realidades nacionais tem um sentido e representa uma possibilidade, ainda hoje, numa época em que as contaminações e as trocas parecem ser contínuas, alastrando com uma intensidade invasiva. É evidente que se trata de questões separadas, e que a leitura que da primeira damos não esclarece a segunda, não indica um caminho, e não sugere uma linha de acção. Estamos, de facto, perante um dos pontos mais amargos e controversos afrontados pela investigação em arquitectura nos séculos xix e xx. Toda a mitologia do moderno se construiu como mitologia de uma koinè, ou seja, de uma linguagem capaz de responder a uma exigência de progresso objectivamente fundada e globalmente humana, para além de limites ou particularidades. Pressupunha um carácter abstracto e a-local dos modos de produção e das técnicas que lhes correspondiam. E pressupunha que o carácter figurativo devia encontrar os próprios fundamentos objectivos e as próprias razões, autênticas, no universalismo das técnicas.
     Não quero, por ora, considerar a diversidade das abordagens à questão das características nacionais, de país para país, visto tratar-se de uma matéria não só complexa, mas demasiado desfiada e diferenciada.
     Apenas recordo como Viollet-le-Duc via na arquitectura e na construção dos territórios e das cidades uma faceta épica da nação francesa, um confronto poderoso, uma imagem de síntese, um factor de reconhecimento dotado de uma evidência fantástica.5 Lembro também como Carlo Cattaneo, diferentemente, via nas cidades, no seu papel fortemente individual, no antagonismo e na separação entre os seus universos, na densidade das suas culturas e das suas figuras, o elemento distintivo da realidade italiana.6 E como Goethe imaginava um mundo alemão capaz de se traduzir em civilização do habitar e em modo de construir, vendo na arquitectura da casa e nos grandes monumentos um elemento de identificação e de pertença, mas também uma fonte de onde brotavam formas e valores.7
     Certo é que podemos falar de uma arquitectura portuguesa. “Na sua variedade, na sua espontaneidade e no seu ecletismo, que nunca lhe retiram um genérico carácter de família que nos permite a sua permanente identificação, existe uma arquitectura portuguesa. Existem, sim, fenómenos de síntese.”8 Deste quadro português, Alves Costa constrói um breve e eficaz esboço histórico, insistindo sobre o seu suposto carácter empírico. “De facto, os critérios da arquitectura portuguesa não são tanto os da coerência, mas sobretudo os da eficiência e, por isso, muito ligados ao imediatismo da técnica produtiva. Conferindo um crédito quase total ao senso comum, faz dele critério latente de verdade, julgado patente na leitura da tradição. [...] A arquitectura portuguesa é sobretudo construção, espaço de suporte para a acção, cujo significado não contamina o desenho.”9 Essa insistência no carácter antiestilístico talvez leve à subvalorização da presença do mundo figurativo e plural que lhe subjaz, e que é, de facto, reconhecível.
     Trata-se, como é óbvio, de um reconhecimento difícil. A primeira e mais relevante dificuldade decorre dos limites da dimensão de um país e de uma gente, em confronto com a incomensurabilidade da sua projecção por países e continentes que vão do Brasil à África e à Ásia. Este reflexo, à distância, de realidades geradas umas das outras e reciprocamente condicionadas por viagens, memórias e migrações de formas, distingue o universo português, pela complexidade de relações geradas, da dialéctica que se estabeleceu, noutros países europeus, entre pátria-mãe e colónias. Facto é que, entre realidade da arquitectura, por um lado, e consciência e sentimento nacional, por outro (isto é, entre construção do assentamento e construção ideológica), fica um enredo impossível de desembaraçar. E que aquele sentimento e aquela consciência viveram fases e assumiram significados absolutamente distintos, também regressivos, passando pela constituição de um totalitarismo fascista e pelo poder do Estado Novo.
     Pode ser útil, pelo que diz respeito ao período histórico mais recente, retomar a diferença que Antonio Gramsci procurou estabelecer entre características nacionais e folclore. “Quando se fala de ‘características nacionais’ é necessário delimitar e definir bem aquilo que se quer dizer. Como tal, é necessário distinguir nacional de ‘folclorístico’. A que critérios recorrer para chegar a uma tal distinção? Um deles (e talvez o mais exacto) pode ser o de que o folclorístico se aproxima do ‘provinciano’ em todos os sentidos, ou seja, quer no sentido de ‘particularista’, quer no sentido de anacrónico, quer no sentido de ser próprio de uma classe desprovida de características universais (pelo menos europeias).”10 Gramsci colocou o problema do papel das culturas nacionais numa perspectiva histórica, e foi a partir de uma perspectiva histórica que leu evoluções e involuções. Não por acaso, a sua distinção teve influência, depois da Segunda Guerra Mundial, sobre o debate travado pelos arquitectos italianos e sobre a sua procura de uma inspiração popular. E isto dado que a tentativa de radicar a nova arquitectura na história da fixação humana logo descambou no provinciano e no anacrónico – país dos balofos [paese dei balocchi], ao qual Ludovico Quaroni, com um jogo de palavras, chamava país dos barrocos [paese dei barocchi]11.
     O Estado Novo pretendeu reduzir a experiência complexa de uma nação a uma ideia de arquitectura homogénea, fundada num sistema de características estilísticas reconhecíveis e, definitivamente, numa maneira. Não podia senão falhar. O Inquérito, a grande pesquisa acerca da construção popular que devia dar bases científicas a essa tentativa12, teve um êxito paradoxal. Promovido pelo regime, mas governado, em tantos aspectos, pelos  seus opositores, desmentiu as expectativas do primeiro e dos segundos. Levou à descoberta de uma realidade densa, cujo enquadramento histórico era diferente, e sem que houvesse um estilo comum. Mas também contradisse a ideia de que, na arquitectura popular, estava a raiz do purismo da arquitectura moderna, e de que, na arquitectura popular, se podia reconhecer aquela relação linear entre razão prática e forma que os modernos queriam considerar fundamento da nova arquitectura.
     Continua a ser actual a questão da identidade de uma cultura e de um território. Mas não podem ser aceites, para a explicar, nem fórmulas nem atalhos: “[...] ser historicamente não é algo que se traga por aí, como um chapéu; é, pelo contrário, uma decisão que se renova continuamente entre a história e a não-história na qual estamos.”13 Não podemos senão desconfiar da ideia de termos de imergir naquilo que nos circunda, para lhe salvar o perfil e para encontrar nas coisas o peso e o sonho do passado. Não podemos senão desconfiar dos regionalismos, mais ou menos críticos, que nos têm vindo a ser propostos ao longo dos tempos, e das tentativas de, através deles, canalizar as diversas articulações da arquitectura portuguesa.
     Mais vale notar que a arquitectura portuguesa dos últimos 50 anos se baseou numa particularidade que, em nosso entender, entronca, de forma não linear, no seu percurso histórico e na amplitude das suas projecções. Baseou-se, pelo menos em boa parte e pelo que diz respeito a muitos dos seus melhores expoentes, numa relação que resistiu no tempo, com a experiência da arquitectura moderna e dos seus mestres. Como se a arquitectura moderna nela tivesse encontrado uma forma de continuidade contraditória, plural e controversa. E como se essa continuidade não se tivesse coberto, o que aconteceu noutros casos, com as roupagens falsas e ocasionais do revival, mas mantivesse a sua autenticidade, na interpretação e na pesquisa. Pergunto-me se não será esta uma das características distintivas da recente arquitectura portuguesa e um dos motivos do fascínio e do interesse que desperta.
     Todavia, não podemos iludir o facto de, no debate dos últimos tempos, parecer ter perdido peso a referência à realidade das nações e dos países, a favor de um desvio das atenções para dois caminhos alternativos. O primeiro é o da liberdade do arquitecto-artista. Reivindica o direito a seguir o estro individual, persegue uma expressividade cujos fundamentos só residem na habilidade e na mestria. É uma deriva extremamente pessoal que corresponde a uma propensão antiga. Travejamento ideológico e base conceptual são tidas por irrelevantes, sendo colocado no seu centro o papel salvífico da personalidade. É a personalidade a barreira susceptível de redimir o indivíduo do anonimato em que a globalização nos precipita. Os arquitectos portugueses de maior nomeada (logo a começar por Siza) afirmaram-se e valem, antes de mais, pelas suas qualidades de artista. O outro caminho (aparentemente oposto) é o da radicação no lugar. A arquitectura tem de se integrar e de se construir através de consonâncias, de integrações harmónicas, subsumindo as características da especificidade da situação que lhe são próprias. Só isto a pode resgatar da neutralidade cinzenta da técnica.
     Mas tanto num como noutro caso, se esquece a necessária pertença da arquitectura a um mundo e a uma cultura. Pertence-lhes o arquitecto, como pessoa e como artífice da obra. Pertence-lhes a obra, que pela sua própria natureza surge dentro de um quadro material e se define no âmbito de um sistema histórico de relações. Quadro e sistema vão interferindo com as ideias de nação e de país, e é nessa relação que a obra deve ser necessariamente pensada. Trata-se, contudo, de ideias não redutíveis a um único denominador e que resistem a ficarem encerradas numa definição. São, por natureza, impuras e multiformes. Encontram-se sujeitas a mudanças contínuas e imprevisíveis. São inseparáveis das desordens da história. Mas, relativamente às articulações e aos significados que assumiram no tempo, um ponto é claro. Se nação e país são corpos comunitários ligados a uma história e dotados de realidade, fazem-se também inseparáveis de um sentimento identitário e de uma carga emotiva. Fundamento objectivo e subjectivo são, pois, inseparáveis. Para poder subsistir com evidência, a realidade invoca o mito e pede para por ele ser interpretada e integrada14.
     Tudo isto diz directamente respeito à arquitectura. Não se pode reconhecer a arquitectura como mundo objectivo, para além de uma intenção e de um projecto. O que não significa que a mesma se tenha de manifestar em termos de um estilo unitário para o qual remete a face de um país. A arquitectura não é só o que se manifesta e se oferece aos olhos. Não é só feita do que se vê. A própria terra e as próprias pedras constituíram, no tempo, realidades diversas e atravessaram épocas longínquas. Há nas coisas uma continuidade potente e secreta que o olhar não colhe. Tempos antigos e civilizações remotas só aparentemente se apagaram e desapareceram da terra. Na realidade, vivem no presente, dele sendo parte constituinte. Vivem nas heranças da sociedade, nos sinais da paisagem, nas formas das cidades. São a sua trama e o seu desenho, escondido. Paisagem e arquitectura equivalem, para uma sociedade, à respiração do tempo. É isto que o arquitecto deve entender, a permanência de uma trama antiga e a possível variação das manifestações exteriores e das formas. A identidade não vive encapsulada num estilo. Cada vez que nele é procurada, reduz-se e perde-se. Diferentemente, é compatível com um vasto leque de possibilidades. Não nega, mas pressupõe a procura. Entre contradições e diferenças, a arquitectura portuguesa é uma das que tem vindo a procurar, com obstinação, uma base identitária. Aí reside a sua riqueza, aí vive o seu possível futuro.|

tradução (do italiano) de rita MARNOTO

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1 “Nos presentaron. Le dije que era profesor de la Universidad de los Andes en Bogotá. Aclaré que era colombiano. Me preguntó de un modo pensativo: ‘Qué es ser colombiaìno?’ ‘No sé – le respondí. – Es un acto de fe.’ ‘Como ser noruega’ – asintió. Nada más puedo recordar de lo que se dijo esa noche”. Jorge Luis Borges. Ulrica. In El libro de arena. [S.l. : s.n.], 1975.

2 Hannah Arendt. La lingua materna. La condizione umana e il pensiero plurale. Alessandro
Dal Lago, org. Milano : Mimesis, 1993, p. 42. La lingua materna corresponde à transcrição de uma entrevista concedida em 1964 à televisão alemã. Hannah Arendt. What Remains? The Language Remains: a Conversation with Günter Gaus. in The Portable Hannah Arendt. Penguin Classics, 2003.

3 Alexandre Alves Costa. Introdução ao estudo da história da arquitectura portuguesa. Porto : FAUP, 1995, p. 49..

4 “Un hombre se propone la tarea de dibujar el mundo. A lo largo de los años puebla un espacio con imágenes de provincias, de reinos, de montañas, de bahías, de naves, de islas, de peces, de habitaciones, de instrumentos, de astros, de caballos y de personas. Poco antes de morir, descubre que ese paciente laberinto de líneas traza la imagen de su cara». Jorge Luis Borges. Epilogo. in El hacedor. [S.l. : s.n], 1960.

5 Eugène-Emmanuel Viollet-le-Duc. Entretiens sur l’architecture. Paris : A. Morel, 1863 (vol. 1); 1872 (vol. 2).

6 Carlo Cattaneo. La città come principio ideale delle istorie italiane. Il Crepuscolo. Nºs 42, 44, 50 e 52 (17 Out. 1858; 31 Out. 1858; 12 Dez. 1858; 16 Dez. 1858). De entre as suas múltiplas reed., v. a recolha de escritos de Cattaneo. Cattaneo. in La città come principio. Manlio Brusatin (a cura). Padova : Marsilio, 1972.

7 Goethe escreveu muito sobre arquitectura, e não só em Viagem a Itália [Italienische Reise], como em diversos textos específicos, que se podem ler nos vários vol. de Goethes Werke. München : Deutscher Taschenbuch Verlag, 1987. Johann Wolfgang von Goethe. Viagem a Itália. Lisboa : Relógio d’Água, © 2001. Tít. orig.: Italienische Reise.

8 Alexandre Alves Costa. Op. cit., p. 24.

9 Ibid, p. 28, 31. Considerações análogas e paralelas em Alexandre Alves Costa. Abilità propria e misteri dell’architettura. In AAVV. Portogallo del mare, delle pietre, delle città. [Milano] : Triennale di Milano, 1996.

10 “Quando si parla di ‘caratteri nazionali’ occorre ben fissare e definire ciò che s’intende dire. Intanto occorre distinguere tra nazionale e ‘folcloristico’. A quali criteri ricorrere per giungere a tale distinzione? Uno (e forse il più esatto) può esser questo: il folcloristico si avvicina al ‘provinciale’ in tutti i sensi, cioè sia nel senso di ‘particolaristico’, sia nel senso di anacronistico, sia nel senso di proprio a una classe priva di caratteri universali (almeno europei)”. Antonio Gramsci. Passato e presente. In Quaderni del carcere. Roma : Editori Riuniti, 1975, p. 25. Os Quaderni foram escritos durante os anos em que Gramsci esteve na prisão (1929-1937), onde veio a morrer.

11 Ludovico Quaroni. Il paese dei barocchi. Casabella-Continuità. Nº 215 (1957), p. 4-5. Quaroni faz referência a paese dei balocchi [terra dos brinquedos em Pinocchio] e faz também um jogo de palavras entre balocco [sentido figurado para tolo, tonto] e barocco.

12 Refiro-me, naturalmente, ao Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa, a grande pesquisa promovida pelo Sindicato Nacional dos Arquitectos, mas oficializada e financiada pelo Ministério das Obras Públicas através de um Decreto-Lei de 19-10-1955. Foi realizada entre 1956 e 1958, a partir de uma base regional, por grupos de arquitectos que percorreram todo o país.

13 Martin Heidegger. Logica e linguaggio. Ugo Ugazio (a cura). Milano : Christian Marinotti, 2008, p. 159. Tít. orig./orig. tit.: Logik als die Frage nach dem Wesen der Sprache.

14 Sobre a ideia de nação, os seus equívocos e as suas contradições, v. Hans Kohn. L’idea del nazionalismo nel suo sviluppo storico. Firenze : La Nuova Italia, 1956. Tít. orig.: The Idea of Nationalism. A Study in its Origin and Background. Ed. orig.: 1946. Louis Leo Snyder. Il nuovo nazionalismo. Milano : Martello, 1970. Tít. orig.: The New Nationalism. Ed. orig.: 1968. Ernest Gellner. Nazioni e nazionalismo. Pref. Gian Enrico Rusconi. Roma : Riuniti, 1997. Tít. orig.: Nation and Nationalism. Ed. orig.: 1983.


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